Transtorno de Personalidade Borderline: quando o sentir demais se torna sofrimento
- Marilu Lemos
- 26 de mai.
- 3 min de leitura
Você sente tudo com muita intensidade? Ama demais, sofre demais, se entrega demais… e, muitas vezes, se culpa por tudo? Pode ser que você esteja lidando com o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) — uma condição psíquica real, profunda e que merece acolhimento, não julgamento.
O que é o Transtorno de Personalidade Borderline?
O TPB é caracterizado por uma instabilidade emocional intensa, relações interpessoais caóticas, impulsividade e uma autoimagem frágil e oscilante. Pessoas com esse transtorno costumam viver com as emoções “à flor da pele”, sentindo um vazio persistente, medo constante de abandono e reações emocionais que, aos olhos dos outros, podem parecer desproporcionais.
Mas o TPB não é exagero, nem “drama”. É neurobiologia.
O que acontece no cérebro de quem tem TPB?
Pesquisas em neurociência mostram que há alterações importantes em áreas do cérebro responsáveis pela regulação das emoções:
A amígdala cerebral, que detecta ameaças e dispara reações emocionais, tende a ser hiper-reativa, o que explica a intensidade das emoções;
O córtex pré-frontal, responsável por decisões racionais e controle de impulsos, costuma apresentar um funcionamento menos eficiente;
O hipocampo, ligado à memória emocional e regulação do estresse, também pode estar envolvido.
Além disso, há desequilíbrios em neurotransmissores como:
Serotonina, que regula humor e impulsividade;
Dopamina, ligada à busca por prazer e sensação de recompensa.
Esses fatores contribuem para o sofrimento psíquico profundo de quem vive com TPB, e explicam por que a pessoa, muitas vezes, se sente à mercê das próprias emoções.
Por que o diagnóstico é tão importante?
O TPB pode ser confundido com depressão, ansiedade, transtorno bipolar ou mesmo com “traços de personalidade difíceis”. Por isso, o diagnóstico correto é essencial. Ele permite:
Um plano de tratamento específico e eficaz;
A compreensão de que há um transtorno por trás do sofrimento;
O início de uma jornada de autoconhecimento e reconstrução.
Saber o que está acontecendo tira o peso da culpa e ajuda a pessoa a perceber que não está sozinha — e que existe um caminho possível de cuidado.
E como a terapia pode ajudar?
A psicoterapia é o pilar mais importante no tratamento do TPB. Abordagens como a Terapia do Esquema ou a Terapia Dialética-Comportamental (DBT) são altamente eficazes.
Através do vínculo terapêutico, é possível:
Reconhecer e nomear emoções intensas;
Reduzir comportamentos impulsivos ou autodestrutivos;
Trabalhar o medo de abandono e a insegurança nos vínculos;
Construir uma autoimagem mais estável e verdadeira;
Desenvolver uma vida com mais clareza emocional, autonomia e leveza.
O consultório se torna um espaço seguro onde a pessoa aprende, aos poucos, a separar emoção de realidade — e a viver com mais equilíbrio.
Existe cura?
O TPB não é uma sentença definitiva. Com acompanhamento psicológico consistente e, em alguns casos, suporte medicamentoso, é possível viver de forma mais estável, funcional e com muito mais bem-estar emocional.
O que antes parecia caótico, começa a ganhar sentido. O que antes machucava, começa a cicatrizar. E, o mais importante: a culpa deixa de ocupar tanto espaço.
Um convite ao acolhimento
Se você se reconhece nesse texto, saiba: você não está só. Você não é exagerada, sensível demais ou difícil. Você é alguém que sente intensamente — e isso pode ser cuidado com respeito, ciência e vínculo.
💬 Meu consultório é um espaço de escuta, reconstrução e verdade. Se quiser conversar, estou aqui.
Terapia é reencontro. É reconstrução. É escolha por você.